11 setembro 2007

Leituras de verao - III

O pecado de DARWIN1


O génio intelectual adoita ir contrabalanceado com outras características da personalidade que nom fam excessivamente agradável a convivência. Pense-se na infantilidade de Mozart, ou no mau feitio de Beethoven. E o génio científico nom é umha excepçom; Newton era rancoroso e vingativo, Erdös muito excêntrico, Heaviside cruel, Einstein, pacifista e de grande honradez intelectual, foi infiel as suas duas mulheres, tratando nom muito bem a primeira, e prestando muito pouca atençom aos filhos.

Mas Darwin foi um pai e esposo devotado, e umha pessoa humilde e bondosa, que apesar dumha saude muito delicada, levou a cabo um trabalho de investigaçom hercúleo que revolucionou a biologia.

Bom demais, deveu pensar John Darnton. Assim que escreveu umha estória alternativa sobre a vida de Darwin e a origem da teoria da evoluçom por selecçom natural, onde deita umhas quantas sombras sobre a figura do sr. Darwin. O romance, em forma de pesquisa histórico-policial, lê-se bem quase até o final, onde se desincha um tanto.

É umha leitura agradável, que recomendo seja completada por algumha biografia real. Umha boa escolha que está a disposiçom do leitor lusófono é a de White & Gribbin2, publicada nom há muito pola Europa-America.

O sinto sr. Darnton, mas Charles Darwin segue a ser um dos meu heróis.

1John Darnton, O pecado de Darwin, ed. casadasletras, 2007.
2Michael White e John Gribbin, Darwin, ed. Europa-América, 2004.

06 setembro 2007

Leituras de verao - II

Einstein Defiant. Genius versus Genius in the Quantum Revolution1

É esta umha crónica dum dos eventos mais importantes da física moderna: a revoluçom quântica. Crónica magistralmente complementada com umha descriçom impressionista, pinceladas esparsas mas reveladoras, da história política e social na que se inscreve a história científica. Consegue o autor nesta obra algo nom sempre fácil, escrever um relato de inegável qualidade literária, com umha prosa elegante, fluida e empolgante; e assemade educativo: informando ao leitor com umha linguagem bastante acessível, dos conceitos físicos que discutem os protagonistas do processo revolucionário. O qual nom é sem mérito, já que muitos deles som conceitos realmente estranhos para a mente humana.


Os protagonistas principais da história som Einstein e Bohr, mas logicamente nom se esquece de secundários importantes como Born, De Broglie, Dirac, Ehrenfest, Heisenberg, Planck, ou Schrödinger.

Sendo este um livro recomendável para qualquer um com umha certa cultura científica, resulta especialmente recomendável para os estudantes universitários que tenham que lidar, com umha certa profundidade, com os mistérios da teoria quântica.



1 Edmund Blair Bolles, Einstein Defiant. Genius versus Genius in the Quantum Revolution, ed. Joseph Henry Press, Washington (USA), 2004.

03 setembro 2007

Leituras de verao - I

RELIGIÃO: TUDO O QUE É PRECISO SABER1

Na capa da ediçom portuguesa aparece acompanhando ao título a frase que se supom resume o livro:
A evolução da Religião explicada por um dos maiores especialistas em História das Religiões.
Foi esta frase que me fez comprar o livro, mas após a sua leitura acho que um resumo melhor seria:
Do que se sabe, nom fala. Do que fala, nom se sabe.
Explico-me; o capítulo 2, dedicado a pré-história, tem 88 páginas, a pesar de que deste período nom haja vestígios escritos e muito poucos arqueológicos que permitam reconstruir os pensamentos religiosos da época. Porém ao cristianismo dedica 3'5 páginas e ao islám 2'5 páginas. Ignorando logicamente as multiplas seitas e variantes cristás e muçulmanas.

Umha vez superado o capítulo 2, onde o autor realiza árduos esforços por imaginar as religiões paleolíticas e neolíticas, a partir de dados muito escassos, num exercício dispensável de ficçom-histórica, o livro tem o seu interesse, oferecendo umha vissom global dos fenómenos religiosos na Eurásia. Contodo o pouco espaço dedicado aos monoteísmos faz que o subtítulo seja muito exagerado.

1 Karl-Heinz Ohlig, Religião: Tudo o que é preciso saber, ed. casadasletras 2007.