09 dezembro 2006

Galego tropical - II

Escuitei a Maria Bethânia por primeira vez no Olimpia, em Paris. Nom sabíamos nada dela, vimos uns cartazes dela e decidimos ir. Essas arroutadas saem bem às vezes, e esta foi umha delas.

Nunca ouvíramos cantar em galego tropical, e tivemos a sorte de ir dar com umha das melhores vozes do Brasil, e portanto com umha das melhores vozes do mundo.








Hoje, graças ao youtube podo lembrar aquela noite em Paris. Estou a me fazer velho, caralho!.

30 novembro 2006

Prós e Contras

Assistim ontem a um debate na RTPi sobre as universidades portuguesas. Para um espanhol resulta inacreditável: um ministro debatendo à serio com os reitores na TV, opiniões encontradas, mas intervenções respeitosas.

O único mau foi a apresentadora, como sempre a interromper sem jeito.

Mais informaçom no abrupto.

03 novembro 2006

Galego tropical - I

Quando eu era um cativo gostava muito do cantor brasileiro Roberto Carlos. Infelizmente eu só podia escuitar as suas versões em castelhano. Só anos mais tarde, já bem deles, e graças a internet pudem escuitá-lo cantando as versões originais em galego tropical[1]. Vendo quas som as suas canções que mais aparecem na rede, e se a minha memória nom me falha, dá-me a impressom que os seu sucessos em português nem sempre fôrom êxitos na Espanha, e vice-versa, nem sempre os seus sucessos na Espanha o foram no Brasil. Como mostra eis umha cançom que foi novidade total para mim:






[1] Os/as leitores/as nom galegos podem surpreender-se com isto de chamar galego tropical ao português do Brasil. É umha piada galega, mas que tem o seu aquele, como pode ler-se no artigo O Brasil fala a língua galega, do professor brasileiro Júlio César Barreto Rocha.

18 outubro 2006

Esperando ordes de Roma.

No Guardian do 18 de Outubro Simon Jenkins publica um esclarecedor artigo de como os EUA estám a deixar ao Reino Unido com o cu pró ar em relaçom a guerra de Iraq. Paga a pena ler o artigo na sua totalidade, mas eu gostei tanto dumha frase que resume a situaçom, que abandono o meu siléncio, e a traduzo para este meu blogue:

Downing Street esta paralisado intelectualmente, como um posto militar remoto e esquecido dum Imperio Romano a se desmoronar. Pode ver os barbaros às suas portas, mas nom responde como sabe que debera porque nom dam chegado novas ordes de Roma.

Se cadra é que ando um tanto romanizado, já que ultimamente lim um par de libros sobre a queda do império romano dos que gostei, e que aproveito para recomendar:

  1. Peter Heather, The Fall of the Roman Empire : A New History of Rome and the Barbarians.
  2. Bryan Ward-Perkins, Queda de Roma e o Fim da Civilização.

Agora que o penso, ambos autores son britânicos, e os livros recentes. Se quadra o sr. Jenkins também os leu, e dai a sua metáfora romana.

14 setembro 2006

Responsabilidades

Leio no Galicia Hoxe que a secretária geral de política lingüística, falando da saúde da nossa língua, anima a "ver o vaso medio cheo", entanto o presidente da Real Academia Galega ao falar do porquê a nossa língua tem um uso minoritário nos media di que "non se pode pedir responsabilidades nin a Academia nin ó goberno galego sobre campos onde non pode actuar".

Sinto-o muito mas é-me mui díficil ver o copo meio cheio quando o actual governo da Xunta, seguindo os passos do anterior, acaba de outorgar licenças de radios e Tv majoritariamente a empresas nom galegas, e em todo caso sem tentar no mais mínimo inverter a actual situaçom de maioria esmagante do castelhano nos media que emitem na Galiza, que nom galegos. Quando actualmente o galego apenas tem presença nas radios e Tv analógicas que se emitem na Galiza, e qaundo isso mesmo vai a seguir a ocorrer nos media digitais, como se pode ser medianamente optimista?

Cumpre salientar que qualquer um, empresa, associaçom ou particular, nom pode emitir livremente sinais de radio o tv. Para poder emitir cumpre ter umha licença, bem autonómica bem estatal. Se as licenças som outorgadas à empresas que emitem em castelhano e se lhes negam às que o fariam em galego, qual vai ser o futuro do galego?

Quanto a responsabilidade da Academia é também grande. Ao escolher um caminho divergente do português, ao afastar o modelo culto do galego da língua portuguesa, como se está fora o demo, fanam a melhor oportunidade de pervivencia da nossa língua, possivelmente a única na situaçom actual, i.e. numha Galiza dependente dentro do espanhol.

Escolher um modelo de língua pequena, independente do português que nom do castelhano, pode-lhes parecer aos senhores da RAG o caminho mais seguro. A mim também me parece um caminho seguro, que com toda seguridade leva à sua extinçom.

27 agosto 2006

Montes queimados



Agosto de fume e lume
paradiso de incendiários
enchendo telediários
queimando do val ao cume.

Vento fusquenlho de fogo
outrora mountes dourados
tornaste montes queimados
no teu tolo e triste jogo.

30 junho 2006

Um grande dia

Ontem foi um grande dia:
  1. O primeiro ministros espanhol, o sr. Zapatero, anunciou o inicio das negociações do seu governo com a ETA, que esperemos levem a umha paz definitiva em Euscadi.

    Será capaz o PP de viver sem o seu brinquedo favorito?


  2. O tribunal Supremo dos EUA, mesmo com maioria republicana, declara ilegais os tribunais especiais de Guantánamo. Coutando assi a deriva totalitária do actual governo norteamericano. Ou polo menos isso espero eu.

    Claro que um home que fala com Deus, pode muito bem considerar que os tribunais nom têm nada que opinar sobre o assunto.

22 maio 2006

A força da fé

Quando sendo um cativo lim na Bíblia que o Espirito Santo outorgara a alguns dos primeiros cristaos o dom de línguas imaginei, se quadra erroneamente, que os atingidos pola graça divina passaram a se poder exprimir em línguas diferentes das suas e faladas por outros povos.

Na televisom Manasat o apostolo Jorge Tadeu mostra na prática outra interpretaçom possível. Assi acotio, no meio das suas charlas religiosas, anuncia aos seus fiéis, e aos que o seguem por TV, que vai falar em línguas, e em seguida pom-se a recitar umha algaravia sem senso, que me lembra os meus anos infantis quando jogava com as minhas irmás a cantar em estrangeiro[1]. Mas nom contento com o seu recital babélico anima seguidamente aos seus fiéis ao imitar, cousa que fazem coa mesma falta de senso e de vergonha.

Num princípio rim-me chocado, mas logo compreendim que com isso estava a demonstrar a força que lhe outorga a sua fé. Pois realmente cumpre ter muita força de espirito para prestar-se ao ridículo dumha maneira tam espantosa diante dumha audiência televisiva, que sem muito esforço pode imortalizar as suas actuações.



[1] As nossas canções podem se considerar umhas precursoras do hit estival Aserejé, sem o seu ritmo pegadiço mas com umha mensagem similar. Os discursos do apóstolo televisivo lembram mais as nossas balbuciadelas infantis que o sucesso de Las Ketchup.


27 abril 2006

Montes dourados

Na primavera tojos e gestas recobrem de ouro os montes galegos, fazendo-nos esquecer por um tempo da desfeita que os neobárbaros estám a completar na nossa terra.

20 abril 2006

Tempora mutantur II

Acabo de ver um par de obreiros com um fato macaco (mono em castelhano) de cor rosa. Já e a segunda vez que os vim, a primeira achei ser umha miragem, mas agora estou seguro nom ter sonhado.

Muito mudárom as modas masculinas nestes últimos anos. Há só 30 anos nengumha empresa da construçom pensaria em ter uns fatos macacos rosas para os seus empregados, e se algum directivo ousa-se tamanha heresia a rebeliom das massas operarias fanaria rapidamente a inovaçom de vestiário.

21 fevereiro 2006

Tempora mutantur

A rebufo da polémica sobre as caricaturas de Maomé o Papa Bento XVI declarou ser


necessário e urgente que as religiões e os seus símbolos sejam respeitados e que os crentes não sejam alvo de provocações que firam a sua iniciativa e os seus sentimentos religiosos.



Isto lembrou-me um meu professor de religiom, sacerdote católico com algum carrego na catedral de Lugo. Voz portanto autorizada, se bem nom tanto como o Papa. Nalgum momento falou-nos do Islám, que sendo fundada por um tolo com alucinações, i.e. Maomé, nom podia senom ser opus diaboli (obra do demo).

20 fevereiro 2006

As duas terras

Em tempos conturbados e conturbantes como estes, onde umhas caricaturas incendeiam meio planeta, entanto na Península Ibérica assustimos a um revival nacional catolicista, vêm-se-me a cabeça as palavras de Abu-Ala al-Maari, escritor sírio do século XI:

Os habitantes da Terra dividem-se ao meio:
os que têm um cérebro mas nengumha religiom,
e os que têm umha religiom, mas nengum cérebro.

29 janeiro 2006

(Re)vestindo poemas II

Há uns dias um amigo, contumaz leitor de poesia, dixo-me que ficará deslumbrado polo seu último descobrimento: Dario Xoan Cabana. A mim, que gosto de poucos poetas, resultou-me estranho que alguém, que já nom é um rapaz, pudera descobrir agora ao sr. Cabana. Autor que conheço[1] e apreço desde A Fraga Amuralhada, editada no já longuíquo 1983. Cousas da vida.

Sendo como é persoeiro da FPG, asocio a sr. Cabana com o isolacionismo, e se quadra parece-lhe mal o meu atrevimento de vestir os seus versos com umha grafia distinta da sua original. Mas espero que, caso chegue a saber desta ousadia, veja nela o que é, um tributo ao seu talento.


Fraga no coraçom, nossa morada,
pedra velha luída polo fume,
coutamento que bravo e fero lume
converte em mansa a cousa dominada.

Fraga no coraçom e levantada
que de todo o que somos é resume,
lentor de velho e cálido costume,
alegria de cousa inesperada.

Fraga que dentro nossa amuralhamos
c'o nosso coraçom arrodeada,
casa própria que amamos e habitamos
considerando o decorrer da vida,
considerando a pedra cinzelada,
considerando a morte pressentida.
Dario Xoán Cabana


[1] Conhecimento literário, nom pessoal.