25 setembro 2005

Farinha triga

Farinha triga. Quando eu era pequeno ainda se usava está expressom na casa dos meus avós. Os velhos entom tinham-lhe muito respeito ao pam, e mais se era pam-trigo, e fazia-no-lo bicar antes de o deitar ao lixo, daquela chamava-se-lhe lavaduras. E pra deitar o pam ao lixo havia que ter algumha boa razom.

Já choveu desde entom, e havia muito tempo que nom batia coa expressom fora dos livros. Até ontem.

Ontem fum coa mulher de excursom pola beira sul do rio Minho, e depois de visitar o feirom de Vila Nova de Cerveira, e comer arroz de marisco em Vila Praia de Âncora, entramos a fazer umhas compras num supermercado. Entre as cousa que queriamos comprar estava farinha, e foi ali -no supermercado os 3 mosqueteiros- onde, pola primeira vez na minha vida, vim escrito numha embalagem comercial a velha expressom da tribo: farinha triga.

Para roborar o achado compramos pam, de farinha triga por suposto, como bem testemunha a etiqueta.





Nom foi o remoinho de sensações que assaltou ao protagonista d'A procura do tempo perdido ao provar a mais famosa das madalenas. Mas à minha mente encheu-se também de lembranças, lembranças dos quentes dias de Julho na minha nenice, nos que ainda se ceifava o pam com foucinho e se malhava na eira.

Portugal, Portugal, esse esquisito pais onde a nossa língua reina nos supermercados.

3 comentários:

Sabela disse...

A minha avó fai umhas empadas de farinha milha que flipas xD

Se Moncho disse...

Pois já podes ir pedindo-lhe a tua avó que te ensine como se fam. Nom vai ser que se perda a receita.

Ha cousas que se podem perder, e outras que é vital conservar. E umha boa receita é umha dessas cousas realmente importantes.

Sabela disse...

Algum dia, ó. A minha avó nom tem nem 60 anos!