08 julho 2011

Reflexões ao fio do projecto Sermos Galiza - I

Quais som os produtos dum jornal?

Numha visom inocente as empresas jornalísticas produzem informaçom, e portanto para poder sobreviver precisam cobrar polo seu produto, bem directamente aos consumidores, bem indirectamente por meio da propaganda. Porém os média fornecem ao seu público algo mais que informaçom, fornecem-lhes os elementos fundamentais para organizarem a sua mundovisom, a maneira na que interpretam a realidade, i.e. fornecem-lhes ideologia e dirigem a sua olhada sublinhando uns assuntos e agachando outros.

Nas sociedades democráticas a capacidade dos média de influírem decisivamente nas opiniões públicas é poder. E na lógica capitalista este poder tem um valor económico, ou seja, é também um produto dos média. Assim som bem conhecidas as ajudas económicas, mediante subsídios ou propaganda desnecessária, que a imprensa galega recebe desde as distintas administrações: Junta, deputações, concelhos, para os seus governantes serem bem tratados polas empresas que recebem tais ajudas. Estas ajudas venhem-se outorgando às empresas jornalísticas ininterruptamente desde o princípio da democracia1, algo do que nom usufruí nengum outro sector económico.

Mas nom som apenas as administrações públicas as que pagam polo poder dos média. Nom é raro os média silenciarem as protestas cidadás contra certas empresas. A maneira de pagar estes silêncios nom é usualmente tam clara como a das administrações públicas, mas é indubitável que o tais silêncios tenhem preço.

Nesta situaçom pretender ter umha empresa jornalística independente, crítica com os poderes públicos e económicos, que “venda” unicamente informaçom desaproveitando um dos seus produtos principais, a sua capacidade de influir na opiniom pública, que nom “venda” poder, é muito difícil roçando o impossível. Só se os ganhos obtidos da venda da informaçom for muito superior aos ganhos obtidos na venda do poder, seria isto possível.

1No regime anterior resultava inconcebível os média ousarem criticar os poderes públicos. Por outras palavras, as administrações públicas nom tinham necessidade de comprar os favores das empresas jornalísticas, pois tinham outros meios, muito efectivos, para assegurar-se um trato excelente.

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